sábado, 22 de julho de 2017

Agonia

Em meu peito existe um grito preso.
É só um grito, mas é mais escuro que noite sem lua,
pesa mais que uma tonelada de tijolos.
Esse grito preso em meu peito é frio e quente ao mesmo tempo.
Por vezes tenta congelar meus sentimentos me fazer egoísta.
E por outras quer ferver o meu sangue e me fazer revoltar.
Eu tenho em minha alma um grito preso.
E em minha garganta e pulmões faltam ar e força suficientes
para poder expurgá-lo.
Esse grito me consome aos poucos como a ferrugem corrói o ferro,
Ou a traça despedaça o livro.
Esse grito por vezes toma força e forma dentro de mim,
e se debate como um animal selvagem. Raivoso.
Posso senti-lo arranhar as paredes do meu interior,
ele quer despedaçar os porões da minha alma e finalmente
me controlar e destruir.
Eu tenho algo preso dentro de mim,
Eu estou preso a algo em mim.
Eu tenho algo em mim.
Eu tenho somente a mim.

Identidade II


Eu olho para o espelho e não me reconheço.
Afinal de contas quem sou eu?
Sou a criança sem pai com medo de ser abandonada
sozinha, na porta da escola?
Que chora escondido de noite por não saber o que fez
de errado, “por que ele não me quis?”
Sou o filho que tem a impressão de ser sempre errado?
“Veja só o seu primo, por que você não é como ele?”
Afinal de contas quem sou eu?
O moleque esquisito da rua?
Afinal de contas quem sou eu?
O sujeito deslocado, aquele que nunca se encaixa?
Que olha com desconfiança pra todos e espera sempre uma repreensão?
Afinal de contas quem sou eu?
Um cristão cada vez mais cético, ou um descrente cheio de fé?
Afinal de contas quem sou?
Um alívio pra uma alma cansada, ou um fardo a ser carregado?
Por favor me respondam se souberem...

Afinal de contas, quem sou eu?
Minha foto
Sou o que sou. Sou incoerente por vezes, sou sonhador sempre, temo o desconhecido sem contudo deixar de arriscar, tenho planos e projetos, construí e e ví cair em minha frente castelos. Como un anjo voei ao céu mas longínquo, e como um cometa caí. A queda de machucou, contudo me fez mais forte. Sou falho e impreciso. Simplesmente indefinível, enfim sou apenas humano.