João Marcos Santos da Silva,
no dia 13 de outubro nascido,
fez nascer em seu Zé um sorriso,
pra dona Maria foi uma luz no caminho.
Tendo nascido pequeno e franzino,
sua mãe olhando o belo menino
Com sua voz terna o chamou, Marquinho.
Fruto de muito amor e cuidado
Pros seus pais motivo de alegria
Pros seus pais motivo de alegria
Em sua casa ele era um rei.
Seu castelo? Um quarto e um banheiro.
Se o luxo sempre lhe faltava,
o carinho da mãe que o amava,
compensava a falta de dinheiro.
É verdade não tinha um berço
Nem muito com o que brincar
Seus pais não lhe deram um terço
Do que gostariam de dar.
Mas na falta das mais caras roupas
Faziam o melhor que podiam,
sabiam Marquinho amar.
Marquinho, criança esperta,
na rua não tinha igual,
crescia correndo e brincando
a todos fazia sorrir.
A seu Zé o seu pai muito amava,
e a dona Maria falava
“É o motivo do meu existir”
Na escola Marquinho ia bem.
Inteligente, todo mundo notava,
Seus professores sempre lhe falavam:
Se você se esforçar e der duro,
não tiver medo do trabalho,
e na vida seguir adiante,
tu terás um belo futuro.
Mas um dia a vida lhe maltrata
E a Marquinho então faz chorar.
Pois um dia vindo do trabalho
algo a seu Zé ocorreu
a polícia invade o Morro
e no meio da troca de tiros
seu Zé então faleceu.
E naquele exato momento
Marquinho então perde o chão
Conhecera dor e sofrimento
Mas agora tinha de ser forte,
Se tornara o homem da casa
E para cuidar de sua mãe
esquecera do seu pai a morte
O tempo passava e Marquinho
não podia entender a razão
de sendo eles tão bons
não ter um pouco de guarida.
Se somos todos iguais,
porque pra alguns sempre mais,
e pra outros nada na vida?
A revolta aos poucos foi crescendo,
E por ele nada entender
O ódio foi lhe corroendo,
isso aos poucos ele pôde ver.
Sua vida tava tão ruim,
não seria pra sempre assim
ele algo iria fazer.
Marquinho via a galera
do “movimento” de sua rua,
pra eles nada faltava
era sempre “só alegria”
mulher, farra e dinheiro
zoeira o tempo inteiro
tinham tudo o que ele queria.
Um dia ele foi procurado
Pelo chefe do movimento,
Que tava ligado em Marquinho
E via que ele era esperto.
Tu é um cara de futuro,
e já que anda sempre “duro”
“fecha” com nós que dá certo.
Marquinho aceita sua proposta
Ele quer mudar sua vida,
e já que não via saída
ele ia dar um jeito nisso.
A partir desse momento.
pra geral no movimento
ele agora era Caniço.
Caniço se destacava,
no meio da malandragem.
Todo mundo sempre lhe falava
“tu é um cara inteligente.”
O tempo logo passou,
e muito não demorou
pra Caniço se tornar “gerente”.
Sua mãe muito chorou
quando ela percebeu,
que o filho que tanto amou
nesse mundo se envolveu.
Nunca pôde lhe dar tudo,
Mas do melhor que ela tinha,
Ela lhe ofereceu.
Um dia uma notícia
do nada espalha o terror,
o Morro ia ser invadido,
então tem que estar ligado.
Mas Caniço não tinha medo,
era só disposição,
e andava sempre armado.
Segurança na favela?
Simplesmente não havia.
A polícia lá no Morro,
demorava a aparecer.
Quando enfim ela surgia,
estava atrás de dinheiro,
ou de alguém pra bater.
Então chega a madrugada,
o palco está armado.
As ruas estão desertas,
era o dia esperado.
Pelo ar pairava o medo,
quando surge na quebrada
o bonde que vem pesado.
E então o pobre menino
Não tem mais o que fazer.
Não tinha como fugir,
não podia se esconder.
No meio daquele horror,
cheio de medo e pavor
era matar ou morrer.
Mas a sorte dessa vez
não iria lhe sorrir.
Quando no fogo cruzado
procurava proteção,
uma bala pelas costas,
lhe perfura a cabeça
e ele morto cai ao chão.
Em seu enterro sua mãe,
chorava desesperada.
Não queria acreditar
estava morto o seu filhinho
que ela sempre amou.
Caniço nunca existiu,
quem morrera foi Marquinho.
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