sábado, 10 de março de 2012

Marquinho (Apenas uma história como muitas outras)



João Marcos Santos da Silva,
no dia 13 de outubro nascido,
fez nascer em seu Zé um sorriso,
pra dona Maria foi uma luz no caminho.
Tendo nascido pequeno e franzino,
sua mãe olhando o belo menino
Com sua voz terna o chamou, Marquinho.

Fruto de muito amor e cuidado
Pros seus pais motivo de alegria
Em sua casa ele era um rei.
Seu castelo? Um quarto e um banheiro.
Se o luxo sempre lhe faltava,
o carinho da mãe que o amava,
compensava a falta de dinheiro.

É verdade não tinha um berço
Nem muito com o que brincar
Seus pais não lhe deram um terço
Do que gostariam de dar.
Mas na falta das mais caras roupas
Faziam o melhor que podiam,
sabiam Marquinho amar.

Marquinho, criança esperta,
na rua não tinha igual,
crescia correndo e brincando
a todos fazia sorrir.
A seu Zé o seu pai muito amava,
e a dona Maria  falava
“É o motivo do meu existir”

Na escola Marquinho ia bem.
Inteligente, todo mundo notava,
Seus professores sempre lhe falavam:
Se você se esforçar e der duro,
não tiver medo do trabalho,
e na vida seguir adiante,
tu terás um belo futuro.
Mas um dia a vida lhe maltrata
E a Marquinho então faz chorar.
Pois um dia vindo do trabalho
algo a seu Zé ocorreu
a polícia invade o Morro
e no meio da troca de tiros
seu Zé então faleceu.

E naquele exato momento
Marquinho então perde o chão
Conhecera dor e sofrimento
Mas agora tinha de ser forte,
Se tornara o homem da casa
E para cuidar de sua mãe
esquecera do seu pai a morte

O tempo passava e Marquinho
não podia entender a razão
de sendo eles tão bons
não ter um pouco de guarida.
Se somos todos iguais,
porque pra alguns sempre mais,
e pra outros nada na vida?

A revolta aos poucos foi crescendo,
E por ele nada entender
O ódio foi lhe corroendo,
isso aos poucos ele pôde ver.
Sua vida tava tão ruim,
não seria pra sempre assim
ele algo iria fazer.

Marquinho via a galera
do “movimento” de sua rua,
pra eles nada  faltava
era sempre “só alegria”
 mulher, farra e dinheiro
 zoeira o tempo inteiro
tinham tudo o que ele queria.

Um dia ele foi procurado
Pelo chefe do movimento,
Que tava ligado em Marquinho
E via que ele era esperto.
Tu é um cara de futuro,
e já que anda sempre “duro”
“fecha” com nós que dá certo.

Marquinho aceita sua proposta
Ele quer mudar sua vida,
e já que não via saída
ele ia dar um jeito nisso.
A partir desse momento.
pra geral no movimento
ele agora era Caniço.

Caniço se destacava,
no meio da malandragem.
Todo mundo sempre lhe falava
“tu é um cara inteligente.”
O tempo logo passou,
e muito não demorou
pra Caniço se tornar “gerente”.

Sua mãe muito chorou
quando ela percebeu,
que o filho que tanto amou
nesse mundo se envolveu.
Nunca pôde lhe dar tudo,
Mas do melhor que ela tinha,
Ela lhe ofereceu.

Um dia uma notícia
do nada espalha o terror,
o Morro ia ser invadido,
então tem que estar ligado.
Mas Caniço não tinha medo,
era só disposição,
e andava sempre armado.

Segurança na favela?
Simplesmente não havia.
A polícia lá no Morro,
demorava a aparecer.
Quando enfim ela surgia,
estava atrás de dinheiro,
ou de alguém pra  bater.

Então chega a madrugada,
o palco está armado.
As ruas estão desertas,
era o dia esperado.
Pelo ar pairava o medo,
quando surge na quebrada
o bonde que vem pesado.
E então o pobre menino
Não tem mais o que fazer.
Não tinha como fugir,
não podia se esconder.
No meio daquele horror,
cheio de medo e pavor
era matar ou morrer.

Mas a sorte dessa vez
não iria lhe sorrir.
Quando no fogo cruzado
procurava proteção,
uma bala pelas costas,
lhe perfura a cabeça
e ele morto cai ao chão.

Em seu enterro sua mãe,
chorava desesperada.
Não queria acreditar
estava morto o seu filhinho
que ela sempre amou.
Caniço nunca existiu,
quem morrera foi Marquinho.

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Minha foto
Sou o que sou. Sou incoerente por vezes, sou sonhador sempre, temo o desconhecido sem contudo deixar de arriscar, tenho planos e projetos, construí e e ví cair em minha frente castelos. Como un anjo voei ao céu mas longínquo, e como um cometa caí. A queda de machucou, contudo me fez mais forte. Sou falho e impreciso. Simplesmente indefinível, enfim sou apenas humano.